Inovador e pioneiro, assim é como Tadao Takahashi será lembrado por gerações de empreendedores e alunos da área da Tecnologia da Informação com os quais conviveu ao longo de sua produtiva e marcante vida profissional.
Um visionário incansável. Desde 1989, Tadao se empenhou para que o Brasil pudesse se conectar à rede global, isto em uma época em que uma linha telefônica no país era item raro e dispendioso, passado de pai para filho como herança.
Em 1992, o engenheiro de computação Eduardo Tadao Takahashi pôs em funcionamento a primeira rede de internet do Brasil. Quatro anos antes, ele havia formado um grupo de trabalho para criar a primeira rede nacional de computadores, que conectou universidades em dez estados e no Distrito Federal.
Tadao não se intimidou com nossa telefonia incipiente e seguiu construindo seu sonho de um Brasil conectado. Quando a Eco-92 aconteceu no Rio de Janeiro, os participantes internacionais ficaram surpresos porque receberam endereços de e-mail e puderam se conectar à internet, coisa que não podiam fazer com facilidade nos seus próprios países em 1992. Era o Brasil que se tornava mais avançado e entrava em uma nova era, graças aos esforços do mestre Takahashi.
Este foi pontapé inicial para que, em dezembro de 1994, a partir de um projeto-piloto da Embratel, qualquer pessoa, por meio de uma linha discada, poderia ter acesso à internet.
Exigente, perfeccionista e ético não seguia pelo caminho fácil, valorizava seus princípios e não fazia concessões. “Era muito racional, muito ético e muito exigente em relação às pessoas ao redor dele”, conta Claudine Bechara Oliveira, uma das primeiras contratadas para o grupo de trabalho de criação da rede nacional, em 1990, e que se tornou sua amiga.
Tinha uma personalidade singular e, embora fosse muito sério, era dono de um senso de humor absolutamente refinado, além de ser extremamente culto e sensível. “Ele fazia crescer muito as pessoas que estavam ao seu redor”, relembra Claudine.
Nascido em Marília (SP) em 1951, Tadao se formou no primeiro curso de ciência da computação na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em 1972. Na época, a universidade tinha um único computador, um IBM 1130, com 32 kb de memória RAM e 5 Mb de HD, conectado a uma impressora e a uma leitora de cartões perfurados.
Foi com esta mesma máquina que ele passou a ministrar a disciplina de Introdução à Programação de Computadores, como professor assistente da Unicamp. Ele ainda cursou Comunicação Social na Pontifícia Universidade Católica de Campinas e fez mestrado em Informática no Instituto de Tecnologia de Tóquio, no Japão, de 1976 a 1979.
Tadao fundou e se tornou o primeiro dirigente da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), de 1988 a 1996. Posteriormente, ele foi coordenador do Programa Sociedade da Informação do Ministério da Ciência e Tecnologia e, em 2017, tornou-se o segundo brasileiro nomeado pela Internet Society para o Hall da Fama da Internet, depois do diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getshcko (2014).
Em 2017, durante a cerimônia da Internet Hall of Fame em Los Angeles, Tadao Takahashi recebeu o reconhecimento público pelo seu trabalho pioneiro na implementação da Internet no Brasil. Uma homenagem mais que merecida para o mestre, que “fez a cabeça” de muitos estudantes e profissionais de Computação e Tecnologia da Informação Brasil a fora e impactou de forma indelével este mercado.
Takahashi nos deixou este ano, aos 71 anos, mas seu legado de inovação e seu exemplo de vida continuam mais do que nunca pulsando nos corações e mentes das pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ele.
Fonte: Equipe In Club/ Folha de São Paulo