O carro conectado será em uma das grandes fontes de receita da indústria automotiva nos próximos anos. A expectativa é consenso entre uma série de especialistas. Pesquisa da KPMG com executivos da indústria automotiva mostra que 75% deles acreditam que veículos com conexão têm potencial para gerar faturamento 10 vezes maior. Já levantamento da Mckinsey indica que, ao lado dos serviços de mobilidade e novos modelos de negócio, a conectividade acrescentará US$ 1,5 trilhão em receitas à indústria automotiva.
Globalmente as companhias automotivas já se movimentam para se adaptar a esta transformação. As empresas estão inovando, através de plataformas baseadas na nuvem para conectar veículos, clientes e oferecer serviços.
Os negócios também começam a se movimentar no Brasil. Alguns carros estão sendo equipados com, por exemplo, centrais multimídias mais completas, conectadas à internet e que não dependem de espelhamento com o celular. As soluções em uma série de funcionalidades para os clientes e, ainda, oportunidades importantes para as montadoras, que conseguem monetizar com oferta de serviços e estreitar o relacionamento com os consumidores.
Antonio Azevedo, CEO da Logigo Automotive, desenvolvedora de centrais multimídia, explica. “Usamos um software nativo que garante à montadora o controle dos dados dos clientes e, assim, permite a monetização destas informações. Nos sistemas equipados com Android Auto ou Apple CarPlay, quem tem este domínio é o Google e a Apple, não a fabricante do carro”, conta.
Segundo o executivo, a tecnologia da central multimídia permite que a montadora envie mensagens direto ao cliente pelo sistema, como um desejo de parabéns no aniversário dele com um cartão de desconto para executar serviços em uma concessionária, por exemplo. Como a plataforma digital é própria, a fabricante do carro pode também aceitar publicidade na central multimídia, vender aplicativos ou ir mais longe e desenhar seguros sob medida para cada cliente.
“A montadora passa a ter a informação de como determinado motorista dirige, se este concordar em dividir essas informações, pode firmar parceria com seguradora e fazer preços personalizados ou desenhar uma apólice pay per use em que o cliente só paga pelo tempo em que está com o carro na rua”, enumera Azevedo. Segundo ele, possibilidades não faltam, mas todas dependem de que o carro esteja conectado para funcionar.
“Hoje grande parte dos veículos que temos no mercado contam com uma central multimídia que representa um investimento da montadora que não se converte em aumento da lucratividade depois. Acredito que estas plataformas representam um ponto chave para as montadoras, uma oportunidade de negócio”, defende Azevedo.
INOVAÇÃO À BRASILEIRA
Em tempos de busca por novas receitas para a indústria automotiva Régis Nieto, sócio-diretor do BCG, lembra que a melhor recomendação é não esperar que as respostas venham prontas da matriz das organizações. “Nos próximos anos o dinheiro virá de novos lugares. As empresas que não estão se reposicionando agora vão passar por dificuldades”, aponta o consultor.
Segundo ele, é um erro acreditar que as novas soluções não podem ser desenhadas localmente. “Uma das coisas que mais ouço dos profissionais no Brasil é que as respostas virão de fora. Acima de tudo, o consumidor é local e, portanto, precisamos desenhar os produtos e serviços certos para ele”, defende. Ele lembra que, com pessoas tão conectadas, o país é um dos maiores mercados para empresas como Uber e Waze. É aí, justamente, que está a maior oportunidade para as companhias automotivas: desenhar soluções brasileiras com potencial para ganhar escala.
Fonte: Automotive Business/LogiGo Automotive