Você conhece alguém que costuma recorrer à internet sempre que tem dores físicas? Quem nunca sentiu uma dor em alguma parte do corpo e correu para internet para saber mais sobre os sintomas e doenças que podem estar relacionados a eles?
A tecnologia e o acesso constante aos mecanismos de busca disponíveis na internet nos trouxeram grandes benefícios e uma nova doença, a cybercondria; um distúrbio psíquico que faz com que a pessoa imagine ter várias doenças, todas “diagnosticadas” pela web.
A cybercondria atinge ,em sua maioria, a população jovem adulta, mas estudos indicam um maior alcance deste distúrbio, uma vez que 40% dos brasileiros fazem auto diagnóstico, a partir de informações obtidas na internet e cerca de 72% toma remédio por conta própria.
Estudos indicam que em torno de seis milhões de americanos entram diariamente na rede para procurar conselho médico.
O que é cybercondria ?
Cybercondria é a junção dos termos “cyber” (refere à tecnologia) + “chondria” (que significa desordem obsessiva). Trata-se de um tipo de comportamento em que a pessoa passa a tirar conclusões precipitadas e pouco embasadas relacionadas à saúde, a partir de buscas rápidas na internet.
É uma espécie de vício. Toda vez que a pessoa apresentar um tipo de dor, desconforto ou sensação estranha, realizará pesquisas em sites de busca para descobrir do que se trata, chegando até a se automedicar com base nas sugestões expostas em sites e blogs.
Existem vários casos que podem ilustrar este mal. Um deles é de uma senhora que desenvolveu anemia grave após mudar radicalmente sua alimentação, certa de que tinha intolerância ao glúten e à lactose (depois de ter procurado sintomas na internet).
Sem dúvida, a internet facilitou muito a vida das pessoas. O impacto da tecnologia na rotina dos profissionais de saúde também representou um grande avanço. Não muitas décadas atrás, as informações demoravam para circular de uma região para outra, gerando referências inconsistentes e grandes limitações na comunicação entre as pessoas. Apesar disto, o uso da rede deve ser feito com cautela. Recomenda-se informar aos pacientes que eles jamais podem substituir uma consulta com um profissional qualificado.
A cybercondria por si só não é uma doença, mas pode ser desencadeadora de hipocondria. Por isso, tal fenômeno tem preocupado profissionais. Como muitas pessoas acabam se julgando capazes de realizar um autodiagnóstico, passam a ver as consultas com profissionais da saúde como dispensáveis.
Os desafios para os profissionais de saúde
A cybercondria é um dos novos desafios para os profissionais da área da saúde. Como eles podem lidar com este problema? Como evitar a automedicação?
Para entender melhor a situação, é preciso saber como os usuários de internet se comportam. Os internautas costumam olhar apenas os primeiros resultados de uma pesquisa. Se um deles for um tumor cerebral, por exemplo, podem utilizar este resultado como um ponto de partida para outras buscas e intervenções. Logo, cria-se um ciclo vicioso: a internet passa a ser a solução mais rápida (e gratuita) para quaisquer dúvidas relacionadas à saúde.
Dessa maneira, a relação entre paciente e profissional pode sair prejudicada: quem vai ao consultório já chega com uma série de informações (geralmente, pouco confiáveis ou relativas), e se o médico não relatar exatamente o que o paciente leu, pode ser interpretado como “pouco confiável”.
Como combater a cybercondria?
É preciso combater este tipo de atitude, mas como? Campanhas públicas e alertas feitos pela própria comunidade médica aos pacientes devem ser constantes, pois o que serve para uma pessoa não necessariamente servirá como parâmetro para todas as outras.
Ainda, é primordial que o profissional da área (seja médico, psicólogo, fisioterapeuta, farmacêutico, …) atue ativamente a favor da fiscalização de leis. Não prescrever remédios sistematicamente sem uma consulta prévia. Alertar sempre os riscos de determinadas medicações e o modo correto de utilização.
A jornada em busca de uma diminuição da cybercondria deve envolver ainda uma nova relação entre paciente, médico e farmacêutico para que este distúrbio não se torne uma problema de saúde pública de proporções significativas que possam comprometer o sistema de saúde como um todo e o bem estar da população.
Fonte: IDE /Instituto de Desenvolvimento Educacional