Embora seja um importante consumidor de medicamentos, especialmente na América Latina, o Brasil ainda patina quando o assunto são os gastos por habitante. Engana-se, porém, quem pensa que isso é resultado de preços mais acessíveis, conforme indica um estudo internacional do IMS Institute for Healthcare Informatics, baseado em indicadores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o levantamento, o país consumiu em torno de 505 milhões de unidades de medicamentos em 2020, cerca de 1,3% do resultado geral de 4,6 trilhões. A média per capita é de 2,82 – a segunda maior entre os mercados emergentes, atrás somente da Indonésia, e acima da média mundial de 1,6.
No entanto, o gasto de US$ 26,1 bilhões da nossa população só representa 0,02% do movimento global. A média per capita é de US$ 123,97, o que coloca o Brasil na 31ª posição, mesmo sendo o sétimo mercado farmacêutico do mundo. Está atrás de países como Grécia, Islândia e Estônia.
Gastos per capita com medicamentos (em US$)
(distância do Brasil para outros mercados)
Defasagem no acesso
Ocorreram avanços no acesso a medicamentos nos últimos cinco anos, mas com distorções que impedem a maior adesão ao tratamento e a consequente ampliação dos gastos por habitante.
Com base em dados entre 2015 e 2019, o acesso a tratamentos através de planos de saúde quase dobrou no período, com alta de 97%. Já as compras públicas de medicamentos aumentaram apenas 31%, embora 75% da população dependa totalmente do SUS.
“Muitos dos tratamentos inovadores e modernos, com comprovado impacto positivo no desfecho ao paciente, ainda não foram incorporados, já que a atualização dos procedimentos mínimos que todo plano de saúde deve oferecer ao segurado acontece a cada dois anos”, ressalta a presidente da Interfarma, Elizabeth de Carvalhaes.
Por outro lado, os medicamentos genéricos e similares são praticamente commodities no mercado internacional, com expressiva concorrência de países como Índia e China, o que dificulta o aumento da presença do Brasil nesses segmentos.
“Uma das principais medidas seria a criação de um ambiente favorável à pesquisa clínica, com celeridade para avaliação de pedidos de estudos, integração entre governos, universidades e iniciativa privada e redução do “Custo Brasil” que dificulta as exportações, além de tornar o produto interno pouco competitivo ou inviável em relação aos importados”, finaliza.
Fonte: Panorama Farmacêutico