Vivemos na era dos dados e as empresas têm de saber usá-los para ganhar uma vantagem competitiva.
Já se passaram alguns anos desde que a Tecnologia se tornou um elemento-chave da estratégia da empresa, relativamente à vantagem competitiva sustentável. Antes a Tecnologia era essencialmente um elemento para otimizar processos e atividades de valor não essencial ou de valor não acrescentado. As empresas procuravam obter eficiências para fornecer os seus produtos e serviços a um preço de mercado aceitável, orientando a sua estratégia de liderança de custos e sendo capazes de crescer organicamente sem um incremento no custo fixo.
No entanto, a Tecnologia não é, em si própria, uma vantagem competitiva sustentável, é na verdade uma commodity, no sentido de que atualmente é mais econômica; por existirem muitas opções no mercado é, de uma forma geral, mais acessível. Na minha opinião, o que está a proporcionar uma vantagem competitiva sustentável é a integração desta tecnologia na cadeia de valor da empresa.
Vivemos, neste momento, na era dos dados, o que significa que as empresas têm de lidar com toneladas de dados provenientes de várias fontes importantes (por exemplo, IoT, compras online, redes sociais, entre outras). Mais uma vez, não é o armazenamento de dados que vai ajudar as empresas na sua estratégia, é a utilização desses dados e a sua integração na cadeia de valor (por exemplo, de que forma os dados de saúde dos clientes provenientes das aplicações de saúde são utilizados para os seguros).
Por exemplo, uma das maiores seguradoras do mundo já usa ferramentas de Big Data em Hong Kong para ajudar a oferecer proteção a doentes com diabetes que, anteriormente, não conseguiam ter um seguro. Desta forma, os clientes podem registar os seus dados de saúde e, obviamente, gerir a sua doença de uma forma mais simples e efetiva. Consequentemente, este grupo de pessoas passa a usufruir, de uma forma mais econômica, de proteção em termos de saúde (seguro).
Tendo esta realidade em mente, vejo a Inteligência Artificial (IA) como uma oportunidade para atingir a vantagem competitiva da empresa. Machine Learning, Processamento de Linguagem Natural (NLP na sigla em inglês) e Robôs vão desenvolver a inteligência coletiva nas empresas, integrando robôs que irão colaborar com seres humanos (um fator crucial) e, consequentemente, transformando as tarefas diárias.
Sim, parece ser verdade que a IA assumirá algumas das nossas tarefas diárias e, provavelmente, algumas funções na sua totalidade (especialmente, as que sejam repetitivas e isentas de interação com o ambiente envolvente), mas também é verdade que vai criar novos serviços e, portanto, vai facilitar a criação de novos empregos e funções em todas as empresas. Obviamente que tal não vai acontecer da noite para o dia, uma vez que ainda existem áreas por desenvolver, não apenas do ponto de vista técnico (integração no ambiente), mas também no que respeita à ética (como regular o comportamento dos carros autônomos em situações perigosas quando tem de ser feita uma escolha entre diferentes cenários possíveis).
Apenas para ilustrar esta ideia, a primeira experiência com um carro autônomo aconteceu em 1995, e mesmo agora, mais de 24 anos depois, não está totalmente implementado na nossa vida diária. No fim de contas, vivemos agora uma era empolgante de transformação enorme, e devemos estar preparados, não apenas do ponto de vista empresarial, mas também a nível pessoal, já que definitivamente vão ser necessárias novas capacidades.
Fonte: SapoTek/Fernando Monteavaro