A China tem se tornado cada vez mais importante na indústria automotiva, não apenas pelo tamanho de mercado, mas principalmente – e cada vez mais – por se destacar como centro de desenvolvimento de produtos e tecnologias.
A escala é importante, e nesse ponto a China se destaca sendo o principal mercado automotivo do mundo. Apenas em 2018, foram vendidos 27 milhões de veículos leves de até 6 toneladas, cerca de 10 milhões a mais do que o mercado norte-americano. Se voltarmos em 2007, a China vendia praticamente 8 milhões de unidades, metade do principal mercado na época, que eram os Estados Unidos – com 16 milhões de unidades.
Em 2009, com o impacto da crise global iniciada pela falência do banco de investimentos americano Lehman Brothers, a China passou a ser o maior mercado automotivo do mundo, com venda de 12,9 milhões de veículos, um crescimento extraordinário de 50% em relação a 2008.
É verdade a China apresenta uma queda nas vendas de veículos devido ao menor crescimento econômico esperado para o ano de 2019 – como consequência dos ajustes nas políticas de acesso ao crédito implementado pelo governo, da guerra comercial com os Estados Unidos e da antecipação da legislação de emissões CN6 nas principais províncias – mas a projeção da IHS Markit para o médio prazo é de que o país continue crescendo em relação ao segundo maior mercado, alcançando o dobro das vendas e chegando a 31,6 milhões de veículos em 2025.
FOCO NA PRODUÇÃO LOCAL
O alto volume saído das linhas de montagem locais já influencia os planos estratégicos das montadoras em fatores como direcionamento de recursos, desenvolvimento de produtos e tecnologias, além de fornecimento de componentes, o que vem tornando a China o driver para decisões estratégicas.Vale ressaltar que 95% dos veículos vendidos na China são fabricados localmente, produção essa suportada por uma indústria composta não só por montadoras chinesas, mas também pelas principais marcas do mundo. Grandes marcas globais já têm a China como principal polo de produção.
Durante o aumento na escala de produção, o governo identificou um grande obstáculo, tanto para as montadoras globais instaladas na China, as quais importavam grande parte de seus componentes, como para as montadoras Chinesas, que em sua grande maioria fabricavam peças internamente ou eram supridas por uma cadeia formada basicamente por fornecedores locais, com produtos de baixa qualidade.
Esse cenário fez com que o governo chinês abrisse o mercado para os parceiros globais iniciarem suas operações no país, e esse movimento fomentou toda a cadeia de suprimentos, aumentando a competitividade e acelerando o desenvolvimento dos fornecedores chineses, o que gerou um aumento na qualidade dos produtos do país.
LEGISLAÇÃO PREPARADA PARA AS NOVAS DEMANDAS DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
A China tem como objetivo ser o país líder na produção dessa tecnologia, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis, diminuindo as emissões de carbono e a poluição do ar. Inúmeras startups surgiram com essa estratégia, além do aumento de investimentos em pesquisas, desenvolvimento e inovação nas montadoras e suppliers com foco em eletrificação, baterias e sistemas de recarga.Além de escala e do desenvolvimento da cadeia de suprimentos, a indústria Chinesa também se destaca na questão regulatória, impulsionando o mercado de veículos eletrificados, sejam eles híbridos ou puramente elétricos.
Como resultado dessa política regulatória, podemos observar o crescimento dos veículos eletrificados na China, atingindo 26,2 milhões em 2030, comparado com as principais regiões no gráfico abaixo.
Hoje essa nova dinâmica do mercado chinês atrela volume, cadeia produtiva, regulamentação, inovação, além de pesquisa e desenvolvimento. Com regulamentações focadas em veículos ecologicamente corretos, a China vem alterando a competitividade da indústria automotiva, se tornado o principal polo de desenvolvimento de produtos e tecnologias de todo o mercado mundial.
Fonte: Automotive Business – Fernando Trujillo