O mundo digital transformou e continua transformando diariamente nossa vida. Depois do Big Data e do Blockchain, esse ano as grandes mudanças parecem estar mais ligadas à Inteligência Artificial e a Lei de Proteção de Dados. A tecnologia, que antes era uma ciência de domínio de pessoas que gostam da carreira de exatas, agora vive um novo momento novo e começa a se misturar com disciplinas como Marketing, Comunicação, Vendas, Negócios, Design, Usabilidade e Direito. Administração de Empresas era a carreira que mais se aproximava de uma união entre exatas e humanas, hoje é uma boa faculdade precursora de um tipo de profissional do futuro, o Cientista de dados.
Porém, ser Administrador de empresas não basta para ter uma carreira da Cientista de Dados. Outros bons cursos precursores são o de Ciência da Computação e Estatística, além de alguns cursos de Engenharia, que também são formações interessantes para o DPO. O fato é que esses profissionais do futuro precisarão entender de disciplinas de Humanas e Exatas ao mesmo tempo, e, dependendo do projeto, misturam a necessidade também de disciplinas Biológicas. São profissionais híbridos.
Para nos esclarecer como funcionam tais carreiras, entrevistamos Marcelo Sousa, que é presidente da ABRADI, Associação Brasileira de Agentes Digitais, que representa mais de 600 agências e agentes digitais do Brasil. A ABRADI também criou um Comitê de Privacidade de Dados, aberto às empresas que queiram participar, para discutir a aplicabilidade da LGPD na prática e a função do DPO, que conta com apoio jurídico da LTSA Advogados.
1) Quem é o Cientista de Dados e como é a formação dele?
É o profissional que sabe fazer análise de dados (uma mente matemática e analítica) e consegue extrair valor do dado, ou seja, gerar negócios/vendas (área da comunicação e comercial). Na prática, é um profissional que conhece e sabe utilizar técnicas e algoritmos para decidir a melhor alternativa de atingir seus objetivos e, ao mesmo tempo, possui criatividade para resolução de problemas, entende a melhor forma de estruturar suas informações e sabe manipulá-las. Um grande diferencial do cientista de dados é a habilidade de programar: saber como estruturar um código que depois seja reutilizável e performático. Ele já está entre os profissionais mais procurados do mundo, é o primeiro da lista das carreiras mais promissoras para 2019, segundo o ranking apresentado pelo LinkedIn.
Os profissionais que mais se aproximam dos Cientistas de Dados hoje são aqueles que são graduados em Estatística, Matemática e Ciências da Computação. Os profissionais de estatística e ciência da computação tiveram em sua formação o aprendizado de algoritmos de machine learning, porém cada um com foco mais voltado para usa área (estatístico na interpretação e computação em performance). Neste caso, o cientista de dados precisa saber como utilizar esses algoritmos para atingir seus objetivos de negócio.
Além disso, é preciso entender de algoritmos de Machine Learning, análise de dados, programação e de infraestrutura. Precisam dominar também as novas ferramentas e tecnologias emergentes.
Sobre os cursos de formação que complementam a Graduação de Estatística, Matemática, Ciência da Computação, no Brasil já existem cursos de pós-graduação em Data Mining, Big Data, Analytics em instituições renomadas, como FIA e FGV.
2) E o que faz o Cientista de Dados no dia a dia da empresa?
A carreira de Cientista de Dados em 3 tipos de profissionais:
– Data Analyst, que é uma analista de BI, não necessariamente precisa ter formação técnica de estatística ou computação, pode ser um bom administrador com viés quantitativo e visualização de dados;
– Data Scientist – profissional de análise de dados avançadas e algoritmos;
– Machine Learning Engineer – é responsável por colocar os algoritmos em produção de forma performática e escalável.
Hoje, entendemos que esse profissional é muito difícil de ser encontrado no mercado de trabalho. Para isso, uma solução que pode ser aplicada em algumas empresas é compor uma equipe multidisciplinar por projeto e fazer os profissionais de diferentes áreas trabalharem em conjunto.
3) E quem é o profissional que pode seguir a carreira de DPO?
O DPO é o Encarregado de Dados também parece vir de bacharelado da área de exatas, como Ciência da Computação e Analistas de Sistemas. No entanto, vem um pouco mais da área de Cybersecurity – segurança de dados – e tem que lidar bastante com Compliance e leis de Auditoria. Portanto, um profissional que também vai ter que lidar com questões da área de Direito.
O DPO é um profissional muito procurado, fora do país desde a aprovação da GDPR (General Data Protection Regulation) e, no Brasil, começou a surgir desde agosto de 2018, quando foi aprovada a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O DPO é um profissional que já atuou no contexto de riscos de segurança da informação e que tem habilidade da oratória e atua junto ao board em suas decisões de negócios.
4) Como é o dia a dia do DPO?
Ele é o encarregado dos dados. Precisa fazer todo o inventário do banco de dados para saber se os dados de clientes da empresa foram obtidos com o consentimento do cliente, se a empresa tem como comprovar esse fato, e ele precisa também cuidar do tratamento dos dados considerados sensíveis (como imagens, voz e dados de saúde, por exemplo).
O DPO será o encarregado de comunicar um vazamento de dados da empresa se isso vier a ocorrer e, também, precisará apresentar a solução que a empresa está dando para o tema. Ele terá que representar a empresa em momentos de crise, portanto, é alguém que precisa ter habilidades de comunicação. Outra habilidade exigida é a capacidade de liderança e de treinamento de equipe.
Um dos maiores desafios do DPO é o de implementar uma nova cultura de respeito ao consumidor e novas políticas / processos especialmente para indústrias tais como bancos, instituições financeiras, empresas de telecomunicações, instituições de ensino, empresas de tecnologia, varejistas, a indústria automobilística e a farmacêutica/hospitalar. Essas indústrias mantêm muitos dados pessoais dos consumidores e agora, com as novas leis, há uma grande responsabilidade sobre como a empresa usa essa informação privilegiada.
Fonte: ABRADI