O Brasil foi o epicentro dos debates sobre inovação e tecnologia para o setor público. Entre os dias 16 e 19 de novembro, a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) liderou a Semana de Inovação 2020, que, de forma inédita, reuniu em um ambiente online mais de 20 mil pessoas de todos os lugares do Brasil e do mundo, que puderam acompanhar os 400 palestrantes e mais de 200 horas de conteúdo.
Em meio a um ano tão desafiador, ter um espaço para refletir sobre o futuro que queremos representou um respiro fundamental para todos e todas que trabalham com governo. As mais de 200 horas de conteúdo trouxeram debates fundamentais para a transformação digital da gestão e serviços públicos.
Mas não posso deixar de compartilhar o que, em minha avaliação, foi o grande destaque do evento: a quantidade de discussões sobre o papel de startups na transformação digital de governos. Em uma rápida busca, identifiquei ao menos 15 palestras nos quais os temas de empreendedorismo e startups foram debatidos. Esse é um indicador que brilha os olhos e me faz acreditar que a pauta govtech tem crescido em importância entre aqueles e aquelas que desejam um setor público digital, efetivo e ágil.
Em 2020, a Semana de Inovação teve como mote “(re)imaginar e construir futuros”. A proposta foi ser um espaço de reflexão sobre possíveis caminhos para superar desafios antigos do país, bem como os que surgiram em virtude da pandemia de coronavírus.
Pensando o futuro, a começar pelo hoje
A Semana de Inovação envolveu especialistas de diversos países e áreas de conhecimento. Estiveram presentes nomes como Beth Noveck (diretora do GovLab – Laboratório de Governança na New York University), Ngaire Woods (fundadora da Blavatnik School of Government) e Tim O’Reilly (fundador, CEO e Chairman da O’Reilly Media).
A diversidade de temas, palestrantes e formatos certamente foi fundamental para alcançar o objetivo de que o evento fosse um espaço para discutir e (re)imaginar o futuro do setor público. Afinal, os palcos virtuais abordaram os mais variados assuntos: desde aplicação da inteligência artificial no setor público, passando por educação 4.0, seguindo por debates sobre a relevância de ampliar a participação de mulheres em cargos de liderança, até estratégias para aperfeiçoar a experiência de trabalho remoto.
Fundadores e fundadoras das startups abaixo puderam apresentar suas soluções para um público de 120 gestores governamentais, especialistas e empreendedores. Aqui uma seleção de algumas startups que chamaram a atenção:
- 3Wings – que criou um sistema de monitoramento remoto e em tempo real de unidades de terapia intensiva;
- Auá Conecta – uma plataforma de fomento aos pequenos empreendimentos;
- Bright Cities – uma solução para cidades inteligentes;
- Universaúde – que criou uma plataforma para a gestão em saúde para profissionais e população.
Ficou evidente a diversidade de tecnologias desenvolvidas, bem como o grau de maturidade e a resiliência das govtechs. Muitas delas, inclusive, desenvolveram tecnologias específicas para o combate à pandemia, como é o caso da Universaúde, que criou o AVISASaúde.
Muitos argumentos foram debatidos, mas um consenso é evidente: as compras públicas devem se transformar em um instrumento fundamental para promover a inovação no setor público.
A Fundação Brava, por sua vez, organizou o painel “Foresight: Pensar no Futuro para Agir no Presente” — que teve a participação de nomes como Jacques Barcia (do Institute for The Future), Nitika Agarwal (do Apolitical) e Luís Gustavo Delmont (do SENAI) — e buscou difundir o tema de estudos do futuro: uma área de pesquisa e prática que é bastante antiga, estratégica, mas pouco conhecida. Com os estudos de foresight é possível refletir sobre o futuro e estar preparado para a sua chegada.
Fonte: UOL / Leticia Piccolotto