Startups não são só negócios digitais de garagem. Veja como gigantes do varejo se comportam e podem inspirar a gestão de sua empresa.
“Uma startup é uma instituição humana designada a entregar um produto ou serviço sob condições de extrema incerteza”. Essa é a definição de Eric Ries, autor do livro “Lean Startup”. Durante um momento de incerteza, até a maior e mais sólida das empresas é testada. Durante estes momentos, somos todos startup ou deveríamos ser. Mas como estimular a cultura e as soluções criativas de uma empresa enxuta?
Para Flavio Rocha, CEO da Riachuelo, uma empresa grande perde a sensibilidade com o mercado. Toca no cliente com luvas de boxe, é uma coisa impessoal. Para manter a chama do empreendedorismo interno, ele aposta em meritocracia e planos de carreira: “Nosso plano de remuneração variável está ligado a indicadores que evidenciam a performance. Temos aí quase 300 empreendedores dentro das 4 paredes de uma loja com a mesma motivação daquele que está no início”. Além disso, eles também tratam os 80 departamentos da empresa como 80 empresas menores, cada uma com as suas métricas e uma competição saudável sendo impulsionada.
Na Magazine Luiza, Frederico Trajano, Diretor Executivo de Operações, conta como sua mãe, Luiza Helena Trajano, causou uma verdadeira revolução cultural com práticas típicas de startups, quando assumiu a empresa. Em primeiro lugar, começaram a colocar a pessoa no centro do negócio. A linha de frente ganhou mais autonomia, o cliente passou a ser o foco de todo mundo e, até hoje, o trabalho é pouco burocrático. Mas isso só foi possível por causa de um grande senso de propósito.
“Agora meu trabalho tem sido preparar a companhia para a revolução digital“, diz Frederico. Antes, a única opção era ir à loja e comprar. Depois, surgiu a opção do e-commerce. Para ele, os EUA foi um grande espelho nessa transição: “Em geral, o que acontecia lá acabava acontecendo aqui 5 ou 10 anos mais tarde. As empresas tradicionais de varejo estavam perdendo espaço para startups – BestBuy e Walmart tinham território sendo conquistado pela Amazon, por exemplo. Eu não podia deixar isso acontecer aqui”. Frederico criou vendas online de forma integrada ao negócio, e já se adianta em pensar formas de educar e conectar pessoas com dispositivos inteligentes e internet das coisas.
Acompanhar as tendências é algo que Riachuelo e Magazine Luiza fazem muito bem. “Há um erro na nossa legislação que atribui inovação à indústria” – diz Flavio – “Um ótimo exemplo é a Apple: a inovação não está lá no engenheiro na China, está no Genius Bar, na fronteira com o cliente, ouvindo dele, prospectando e garimpando dele suas necessidades. O varejo é o elo da cadeia que tem mais potencial de contribuir com a inovação porque ele que está em contato direto com o consumidor”. Convenhamos, poucas coisas gritam mais “startup” que a inovação.
Trazer a cultura da startup para dentro da sua empresa não é tão difícil, como se imagina.
Comece por estes 3 pontos e prepare sua empresa para caminhar rumo a uma nova realidade de mercado, onde a cultura da startup vai ser um ativo estratégico importante, não importa o seu segmento de atuação, origem ou tamanho da sua empresa.
1. Tenha visão holística para se preparar. “A tendência humana é fatiar problemas complexos em problemas menores, e com isso vem a ilusão de que com pedaços do negócio indo bem, o todo vai bem. O ótimo local é a grande ameaça da eficiência global de uma empresa”, diz Flavio.
2. Ponha as pessoas em primeiro lugar. Dê a seus funcionários motivação e um forte senso de propósito e escute seus clientes com atenção.
3. Aposte em inovação. Frederico trouxe o ótimo exemplo do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologia do Magazine Luiza para ilustrar esse conselho: “É possível ter soluções criativas que geram bom retorno e impactam a estrutura de capital da empresa”.
Fonte: Endeavor/Gabriela Levy