O setor empresarial tem exercido um papel cada vez mais importante no desenvolvimento da sociedade. Esse protagonismo exige responsabilidade social no planejamento estratégico para contribuir com o bem-estar de todos os componentes do ecossistema.
Apesar da necessidade individual de cada comunidade, é preciso enxergar a sustentabilidade como um objetivo comum. Entretanto, empresários podem ter visões e prioridades diferentes, divergindo nos caminhos a serem seguidos. Como consequência, esse conflito de interesses dificulta acordos e esforços conjuntos focados na resolução dos problemas, o que reduz a potência de contribuição para a sociedade.
Dessa forma, para coordenar as empresas de modo conjunto rumo a um progresso sustentável, surgiu o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), idealizado pelo seu ex-secretário geral, Kofi Annan. Embora sua apresentação tenha ocorrido em Janeiro de 1999, o anúncio oficial foi feito pouco mais de um ano depois, em Julho de 2000. Sua sede encontra-se até então em Nova Iorque.
Características do Pacto Global
O Pacto Global tem por objetivo encorajar o diálogo entre empresas, governos, sociedade civil e demais componentes, aproximando-os pela busca do desenvolvimento de um mercado global mais justo, inclusivo e sustentável.
As diretrizes da iniciativa foram pensadas para serem aplicadas universalmente e atender diferentes setores da economia, independente da nacionalidade da organização. Considerada a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, o Pacto é composto atualmente por mais de 11 mil companhias de 156 países diferentes.
Vale frisar que o Pacto Global não é um órgão regulador, um código de conduta obrigatório ou uma ferramenta para fiscalizar as políticas e práticas gerenciais. Trata-se de uma iniciativa totalmente voluntária, aberta a qualquer instituição, orientadora de lideranças corporativas comprometidas com a promoção do crescimento sustentável.
Compromissos
Ao integrar o Pacto Global da ONU, a entidade assume o compromisso de implementar os 10 Princípios Universais, alinhar-se à Agenda Global de Sustentabilidade 2030 e prestar contas à sociedade dos progressos realizados.
Os 10 Princípios Universais
Como comentamos, o Pacto é um convite para empresas alinharem seus processos aos 10 Princípios Universais que passam pelas áreas de Direitos Humanos, Direitos do Trabalho, Proteção Ambiental e Anticorrupção.
Derivados da Declaração Universal de Direitos Humanos, Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção, os Princípios buscam incentivar as empresas a desenvolverem ações que contribuam com o enfrentamento dos desafios socioambientais em sua esfera de influência.
Princípios de Direitos Humanos
1 – Respeitar e proteger os direitos humanos reconhecidos internacionalmente;
2 – Impedir e não participar da violações de direitos humanos;
Princípios de Direitos do Trabalho
3 – Defender a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva;
4 – Eliminar todas as formas de trabalho forçado ou compulsório;
5 – Erradicar efetivamente o trabalho infantil;
6 – Eliminar a discriminação no emprego e na ocupação;
Princípios de Proteção Ambiental
7 – Apoiar uma abordagem preventiva para os desafios ambientais;
8 – Assumir iniciativas para promover uma maior responsabilidade ambiental;
9 – Encorajar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis;
Princípios de Anti-Corrupção
10 – Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina.
Pacto Global, Agenda 2030 e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Conforme mencionado anteriormente, ao integrar o Pacto Global da ONU, a organização assume também o compromisso em contribuir no atingimento dos objetivos determinados pela Agenda Global de Sustentabilidade 2030.
A Agenda 2030, lançada no ano de 2015, é um plano de ação para incentivar países e todas as partes interessadas a trabalhar em parceria no combate aos maiores desafios sociais. A Agenda entende planeta, pessoas, prosperidade paz e parceria como áreas cruciais e determina objetivos a serem atingidos para a erradicação de problemas relacionados a cada uma delas.
Ao todo são 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, também conhecidos como ODS. A busca pelo fortalecimento da paz universal, erradicação da pobreza em todos os níveis, redução da desigualdade e a injustiça são alguns exemplos. Confira a lista completa:
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável demonstram a dimensão e a ambição desta nova Agenda, que aponta a urgência de colocar a sociedade em um caminho mais sustentável. Em um momento em que o mundo transita para uma retomada pós-pandemia, sua importância se faz ainda maior.
Por possuir maior poder econômico, ser criador de inovações tecnológicas e ter grande influência sob diversas esferas da sociedade, o setor privado desempenha um papel determinante nesse processo. Apesar disso, o trabalho para o atingimento dos ODS deve ser um esforço conjunto das empresas com governos, terceiro setor e sociedade civil.
Felizmente, o Brasil tem apresentado uma boa performance em relação ao engajamento dentre os países aderentes: a Rede Brasil do Pacto Global é a terceira maior com mais de 800 membros. Durante o primeiro semestre de 2020, 115 organizações, sendo 30 grandes empresas, tornaram-se signatárias da Rede Brasil do Pacto Global. O número representa um crescimento de 11,3% da quantidade de membros da Rede em comparação com 2019, mesmo em um cenário atípico de instabilidade devido à pandemia do coronavírus.
Fonte: Pólen