São diversas as aplicações da IoT na medicina, com benefícios para pacientes, pesquisadores, unidades e profissionais de saúde.
Todos ganham a partir de um dos serviços possíveis graças aos avanços em Internet das Coisas – a coleta de dados de forma autônoma e contínua.
Embora a IoT na saúde combinada à saúde pareça parte de um futuro distante, ela já é realidade para hospitais, indústrias e empresas de tecnologia, que têm se unido para desenvolver dispositivos socialmente relevantes.
Vantagens da Internet das Coisas na Medicina
Contar com dispositivos conectados reúne várias vantagens. Entre elas, destaco as seguintes:
- Registro autônomo de informações
- Monitoramento contínuo do paciente
- Facilidade no compartilhamento de dados
- Maior acesso às informações sobre saúde
- Armazenamento automático na nuvem
- Histórico médico mais completo, com apoio a diagnósticos assertivos
- Empoderamento do paciente
- Fortalecimento de ações preventivas e de autocuidado.
Desafios da IoT na Medicina
Um dos maiores desafios está na segurança dos dados, tanto durante sua transmissão quanto no armazenamento e compartilhamento.
Cabe lembrar que as informações sobre a saúde dos pacientes são sigilosas. No Brasil, o sigilo médico-paciente está previsto no Código de Ética Médica.
No entanto, garantir sua proteção na internet exige uma série de medidas, começando por estabelecer limites, o que pode ser feito através de regulamentação.
Porém, a legislação está longe de acompanhar a velocidade dos progressos tecnológicos.
Por outro lado, a variedade de normas criadas por diferentes países para reger o uso de dados em saúde pode dificultar a globalização de inovações.
O desenvolvimento e integração de sistemas é outra barreira que impede a popularização da IoT na saúde, uma vez que é necessário que diferentes dispositivos sejam capazes de trocar informações entre si.
Os custos envolvidos na implantação e adoção da IoT na medicina também representam um desafio, mas ele deve ser superado após alguns anos.
Afinal, conforme uma solução tecnológica avança e se populariza, ela se torna mais barata.
Exemplos de IoT na medicina
As inovações em IoT na saúde vão muito além dos aplicativos em celulares e wearables, chegando a equipamentos médicos e outros produtos de saúde.
A seguir, vamos conhecer algumas dessas invenções da IoT medicina:
1. Registros digitais de exames
Atualmente, existem aparelhos digitais para exames de diagnóstico – como raio X, tomografia e eletrocardiograma –, capazes de gerar e armazenar dados digitalmente, eliminando o uso de papel.
Essa possibilidade preserva o meio ambiente, reduz a necessidade por espaço físico para arquivos e garante a conservação dos documentos, sem qualquer cuidado adicional como no manuseio de filmes radiográficos, que poderiam ser facilmente danificados.
Arquivadas digitalmente, as informações permitem maior simplicidade no compartilhamento, que pode ser feito via e-mail ou aplicativos de mensagens.
2. Marcapassos cardíacos com dispositivo IoT
Alguns aparelhos conectados podem ser implantados no paciente. É o caso de marcapassos inteligentes, que facilitam o acompanhamento de milhares de pessoas nos Estados Unidos.
Assim como os wearables, esses dispositivos coletam, armazenam e enviam informações em tempo real sobre o sistema cardiovascular do paciente.
Dessa forma, o cardiologista e outros profissionais podem monitorar as condições de saúde do indivíduo à distância, intervindo quando necessário.
O próprio paciente também pode tomar decisões para melhorar sua qualidade de vida.
3. Monitoramento contínuo inteligente de glicose (CGM)
CGM é a sigla para Continuous Glucose Monitor, ou Monitor Contínuo de Glicose.
O primeiro dispositivo desse tipo foi aprovado pela FDA (agência que regula alimentos e drogas nos Estados Unidos) em 1999, mas ainda não era capaz de enviar dados a outro aparelho, como um smartphone, tablet ou smartwatches.
Atualmente, os equipamentos que monitoram os níveis de glicose de diabéticos podem ser bastante úteis para essas pessoas, seus médicos e cuidadores, pois eles registram padrões e apontam anormalidades.
Os CGM permitem que o diabetes, doença crônica que precisa ser acompanhada diariamente, seja avaliado através de dados instantâneos e precisos.
4. Sensores ingeríveis
Pílulas do tamanho de suplementos vitamínicos podem substituir procedimentos invasivos, monitorar sinais vitais e até detectar precocemente o câncer colorretal.
Um exemplo é a PillCam COLON, criada por uma companhia israelense e aprovada em 2017 pela FDA como uma alternativa à colonoscopia.
A pílula capta e transmite imagens do trato gastrointestinal e do cólon.
Outra empresa, chamada Scripps Health, desenvolveu nanosensores que são ingeridos e vão para a corrente sanguínea, de onde enviam informações sobre o sistema cardiovascular.
5. Lentes de contato médicas inteligentes
Outra opção para medir o nível de açúcar no sangue são lentes que analisam o fluido das lágrimas.
Esse item seria lançado em 2020 pela farmacêutica suíça Novartis e o braço do Google voltado a produtos médicos, a Verity. Entretanto, o projeto foi considerado inviável recentemente, pois não apresentou a eficácia esperada nas medições.
Simultaneamente, uma iniciativa parecida vem tomando forma. Um dispositivo criado pela empresa holandesa Noviosense promete resultados promissores no acompanhamento dos níveis de glicose.
O aparelho é colocado na pálpebra inferior do paciente, de onde mede a glicose através das lágrimas.
6. Tecnologia digital em pacientes com depressão
Equipados com aplicativos e outros sistemas, wearables, como smartwatches podem monitorar sintomas e comportamentos de pessoas com depressão.
Um estudo recente utilizou o relógio inteligente para aplicar testes junto a pacientes diagnosticados com depressão leve a moderada.
As avaliações de humor e cognição tiveram mais de 90% de eficácia, enquanto avaliações diárias feitas a partir de questionários e outros dados corresponderam aos resultados de testes desenvolvidos na Universidade de Cambridge.
7. Instalação de leitos hospitalares inteligentes
Localizada em Toronto, Canadá, a Mackenzie Health implantou uma tecnologia diferenciada para auxiliar enfermeiros e outros profissionais na acomodação e segurança de pacientes com risco de queda de suas camas.
Os leitos inteligentes informam os profissionais sobre a melhor posição para acomodar o paciente, colaborando para que fique confortável e se recupere rapidamente.
Além disso, os leitos enviam mensagens caso não tenham sido reposicionados adequadamente após a alimentação ou higienização do paciente, por exemplo.
8. Monitoramento da evolução dos sintomas de Parkinson
Uma solução da IBM utiliza um raciocínio similar ao empregado para acompanhar pacientes com depressão, mas voltado à evolução dos sintomas de Parkinson.
Através de um dispositivo vestível, pacientes têm seus dados coletados enquanto realizam tarefas rotineiras e, em seguida, essas informações são analisadas por médicos e outros especialistas.
Esses profissionais podem, com base nas informações registradas, optar por tratamentos mais assertivos e que melhorem a qualidade de vida de quem sofre com a doença degenerativa.
9. Monitorando a higiene das mãos
Já existem sistemas que, acoplados a dispositivos conectados, avaliam se as mãos de profissionais de saúde estão sujas ou contaminadas.
Fonte: Morsch Medicina / José Aldair Morsch