O termo downsizing é usado na indústria automotiva quando se promove a redução no número de cilindros ou da cilindrada, mantendo ou até aumentando a potência e o torque do motor com a adoção de tecnologias como turbo, injeção direta, redução da massa e outras soluções de engenharia.
O movimento começou com mais força no Brasil junto do Inovar-Auto e recentemente ,várias montadoras lançaram veículos equipados com motor de três cilindros, elevando sua participação para 23,1% em 2018, ante 0,4% em 2012. O downsizing pode ser considerado uma solução anterior à hibridização e à eletrificação na busca por veículos mais eficientes.
Impacto das Legislações de Eficiência Energética
Em 2012 entrou em vigor no País o Inovar-Auto, programa de eficiência energética sem precedentes com duração entre 2013 e 2017. As montadoras tiveram de melhorar a eficiência média dos veículos em 12% durante o período de cinco anos, com descontos adicionais de IPI para os fabricantes que excedessem as metas. As montadoras que não as atingissem estariam sujeitas a multas e as que melhorassem 15,4% e 18,8% tinham direito a 1 ou 2 pontos porcentuais, respectivamente, de desconto no IPI.
Com poucas exceções, a maioria das empresas atingiu a meta e dez empresas conseguiram pontos extras no desconto de IPI. Durante esse período, o downsizing se tornou comum no mercado brasileiro com o lançamento de diversos motores de menor cilindrada sobrealimentados com turbo.
Apesar do aumento do número de motores com menos cilindros, a cilindrada média dos veículos vendidos não sofreu grande alteração, caindo de 1,53 litro em 2014 para 1,52 litro em 2018. Isso ocorreu porque os motores que mais perderam participação de mercado foram os 1.4 e 1.6 e o maior crescimento foi justamente de motores 1.5. Soma-se a isso a manutenção da estabilidade do 1.0 nos últimos anos, colaborando para a estabilidade da cilindrada média. Durante esse período, praticamente todas as montadoras substituíram seus motores 1.0 de 4 cilindros por 3 cilindros. Houve também o surgimento de motores tricilíndricos de maior cilindrada.
Esse movimento colaborou para as montadoras atingirem as metas de eficiência ao fim do Inovar-Auto e a tendência é de continuidade nos próximos anos, por causa do atual programa Rota 2030, sucessor do Inovar-Auto, pelo qual os fabricantes precisam continuar melhorando a eficiência energética e alcançar metas estipuladas para 2022, 2027 e 2032, com as mesmas regras de multas e incentivos aplicados no Inovar-Auto.
Em 2030, o predomínio de três cilindros, turbo e GDI
Para o futuro, a IHS Markit projeta um crescimento da utilização do downsizing como forma de atingir as metas de eficiência energética do Rota 2030, com mais lançamentos de motores menores com turbo e injeção direta. Essas duas tecnologias atualmente são mais comuns em veículos de médio e grande portes. Porém, com a chegada de novos hatchbacks, sedãs e SUVs compactos turboalimentados, essas tecnologias se tornarão mais comuns no futuro.
A IHS Markit prevê que mais da metade dos veículos vendidos no Brasil em 2023 sejam equipados com motores de três cilindros e a participação de turbo e injeção direta deve ultrapassar 50% em 2028. Nesse contexto, a cilindrada média, que se manteve estável durante o período do Inovar-Auto, cairá para 1,33 litro em 2030. Apesar da redução da cilindrada média, o aumento do uso de turbo e da injeção direta vai fazer com que a potência específica (cavalos por litro) e o torque específico (Newton metro por litro) cresçam 31% e 42%, respectivamente, em 2030 quando comparados a 2014.
Fonte : Automotive Business/IHS Markit-Victor Silva