O governo federal lançou um portal de antecipação de recebíveis, canal destinado para empresas que fornecem produtos e serviços para a União, num mercado estimado em cerca de 48 bilhões de reais por ano.
Batizado de Antecipagov, o portal desenvolvido pelo Ministério da Economia permitirá que empresas possam pedir adiantados até 70% de valores a receber. A proposta então será repassada a instituições financeiras que, por sua vez, poderão apresentar ofertas de prazos e taxas de juros.
Segundo Elber Fabrício Laranja, cofundador da fintech Antecipa Fácil, que participou das provas de conceito da plataforma com o ministério, a expectativa é de que o modelo apresente aos tomadores taxa de juro de 0,5% a 2% ao mês, dependendo de prazos e características dos contratos.
“Com as garantias próprias de um modelo como esse, deve ser uma grande reforço para empresas, especialmente as que estão com muita pressão de liquidez devido à crise”, disse o executivo.
O objetivo inicial do ministério era que as transações ocorressem no modelo de leilão reverso, por meio do qual ganharia a transação aquele que ofertasse a menor taxa. Mas os bancos foram contra. Então, o tomador terá a opção de contratar a oferta que considerar melhor.
Os bancos, porém, terão a concorrência de outros grupos, como fundos de investimentos, cooperativas de crédito, uma vez que o funding poderá ser fornecido por qualquer instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central, mesmo que não seja regulada.
Pelos números do ministério, há cerca de 56 bilhões de reais em contratos ativos passíveis de serem alvos de servirem como garantia para pedidos de antecipação por meio do portal. Destes, cerca de 12 bilhões de reais estão distribuídos entre seis mil empresas com capital social de até 5 milhões de reais.
O canal tenderá a apoiar sobretudo empresas de pequeno e médio portes, segmento que tem tido grande dificuldade de acesso a empréstimos nos grandes bancos, estes temerosos de que a crise provocada pela pandemia da Covid-19 provoque um salto nos índices de inadimplência.
“Esse vai ser um teste importante”, disse Fabrício Laranja. “Se o projeto der certo, outras esferas administrativas, como governos estaduais e municipais devem copiá-lo e estender essa opção de milhares de outras empresas.”
As instituições financeiras credenciadas e selecionadas pelos fornecedores receberão o pagamento mediante conta vinculada do fornecedor. Para ter acesso à antecipação de créditos, o fornecedor terá de assinar um termo de vinculação de domicílio bancário. Esta conta será bloqueada para movimentação, de forma a reduzir os ricos tanto da administração pública quanto das instituições credenciadas.
Anualmente, as compras públicas movimentam, só no Poder Executivo Federal, cerca de R$ 48 bilhões. Somados os três poderes e as três esferas da federação, estima-se que alcancem cerca de R$ 800 bilhões por ano.
Fonte: Reuters/ Aluisio Alves