Projeto do Laboratório Arq.Futuro de Cidades e do Centro de Ciência de Dados disponibiliza análises que buscam qualificar o debate público sobre a revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo
O Laboratório Arq.Futuro de Cidades e o Centro de Ciência de Dados do Insper lançaram em novembro a plataforma de dados “Acesso a oportunidades do Plano Diretor de São Paulo”. O evento ocorreu dentro da programação da Semana de Ciência de Dados.
O objetivo da iniciativa é disponibilizar para o grande público — como estudantes, jornalistas, formuladores de políticas públicas e interessados em geral —os dados e as análises do projeto de pesquisa que deu nome à plataforma. Desenvolvida desde outubro de 2021, essa pesquisa pretende qualificar o debate público e a tomada de decisões em torno da revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) da capital paulista. Ao todo, foram publicadas seis notas técnicas, com o propósito de contribuir com a cobertura jornalística sobre o tema desde o lançamento da primeira minuta de lei, publicada em janeiro de 2023, até a aprovação do segundo substitutivo na Câmara dos Vereadores. Nesse processo, foram também realizados encontros com especialistas e tomadores de decisão.
“O Plano Diretor de São Paulo, aprovado em 2014 e revisado neste ano, busca aproximar emprego, serviços e moradia, reduzindo a necessidade de longos deslocamentos diários. A partir dos conceitos de acessibilidade e centralidade urbana, criamos análises empíricas baseadas em dados sobre a distribuição habitacional e sua relação, em termos de proximidade, com o transporte público e os destinos finais de viagens em São Paulo”, diz Adriano Borges Costa, professor do Insper e pesquisador-líder do Laboratório Arq.Futuro de Cidades. Segundo ele, o Plano Diretor foi capaz de orientar a produção de residências para o entorno do transporte público, em locais mais acessíveis em termos de mobilidade. “O desafio que permanece é o acesso a tais residências próximas ao transporte público por famílias de baixa renda, pois são unidades tipicamente mais caras. Afinal, quem usa o transporte público é principalmente o trabalhador e a trabalhadora de renda mais baixa. Logo, são eles que se beneficiam mais de morarem próximos a uma estação de metrô, por exemplo”, afirma Costa.
A plataforma lançada pelo Insper está estruturada em três partes: repositório de dados, que faz parte do datalake da instituição de ensino; dados disponíveis no geoportal, que é um sistema interativo de visualização dos dados espaciais em mapa; e histórias ou narrativas baseadas nos dados levantados e analisados pelo estudo, que estão divididas em cinco casos contados com linguagem simples para facilitar o entendimento por um público mais amplo.
Essas histórias explicam, por exemplo, os motivos de terem surgido tantos prédios próximos ao metrô e as regras para vaga de garagem na revisão do Plano Diretor de São Paulo. “O propósito é que as análises criadas pelo Insper sobre cidades sejam capazes de ir além da discussão acadêmica, atingindo ou impactando as políticas públicas baseadas em evidência desenvolvidas para os municípios”, observa Costa.
Nesse sentido, o Insper também participou da organização do Fórum SP 23, um espaço acadêmico para debater propostas baseadas em estudos que apontem caminhos para aprimoramento da política urbana, seus instrumentos, planos, programas e ações complementares. Além da organização, o Laboratório Arq.Futuro de Cidades, por meio da pesquisa sobre o PDE, foi o grupo acadêmico que apresentou o maior número de trabalhos nesse evento de reflexão.
Mapeamento de novos locais
A plataforma sobre o Plano Diretor de São Paulo é somente a primeira adicionada ao Portal de Dados Urbanos, que receberá em breve novos trabalhos, sobre outras temáticas e a partir da análise de dados provenientes de outros locais.
“Queremos, assim como fizemos com São Paulo, desenvolver plataformas similares baseadas em diferentes regiões e dedicadas a outras temáticas. Podemos utilizar novamente a capital paulista como local a ser pesquisado ou, ainda, o estado, incluindo a região metropolitana, com a temática de saúde urbana, por exemplo”, finaliza Costa.
Fonte: Insper/ Bruno Toranzo