A OMS comemorou 70 anos em meio ao debate sobre como atender 3,5 bilhões de pessoas sem serviço de saúde suficiente.
Mais da metade da população mundial continua sem acesso a um serviço adequado de saúde, apesar de políticas públicas e de avanços importantes na medicina. Mas ainda que avanços importantes tenham sido alcançados desde 1948, os números publicados pela entidade revelam a dimensão dos desafios. De acordo com os dados, apenas 45% da população mundial de fato tem acesso a serviços médicos adequados.
Num total, serviços universais de saúde atendem ainda 64% da população mundial. E, mesmo assim, com sérios problemas. Só na África, 33 países contam com um serviço de saúde que atende menos da metade da população. No Chade, centro-norte do continente, apenas um quarto dos habitantes tem alguma cobertura.
Em 76 países ainda há menos de um médico para cada mil pessoas, e em 87 países existem menos de três enfermeiras para cada mil habitantes. No Brasil, as taxas de 2015 apontavam para 77% da população com serviços de saúde.
A cada ano, 100 milhões de pessoas sofrem uma perda de renda e passam por um processo de empobrecimento diante dos elevados custos de tratamentos. O Brasil é um dos que mais apresenta problemas, com 25% da população sendo obrigada a destinar mais de 10% de sua renda para pagar por remédios e atendimento.
Em proporção aos gastos gerais do governo, o Brasil também está abaixo da média mundial no que se refere aos investimentos em saúde. Em 2015, o governo destinou 7,7% de seus gastos totais para a saúde, uma taxa parecida a de mais de uma dezena de países africanos. Na média mundial, os gastos são de 9,9%. Na Alemanha ou no Uruguai, a proporção dos gastos do governo com a saúde chega a 20%.
Para a OMS, o resultado da falta de prioridade ao setor de saúde pelo mundo ainda é traduzido em mortes. Mesmo com avanços importantes no combate à mortalidade infantil, 15 mil crianças morrem no mundo a cada dia antes de completar 5 anos por falta de tratamento ou simplesmente por problemas de saneamento básico.
Para tentar mudar esse cenário, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, espera apoio internacional para conseguir aprovar nesta semana um projeto ambicioso: salvar 29 milhões de vidas extras até 2023.
Os 70 anos da OMS, comemoram sete décadas de progressos na saúde que adicionaram 25 anos à expectativa média de vida no planeta, que salvaram milhões de vidas de crianças e fizeram avanços na erradicação de doenças”, defendeu o diretor-geral da insituição.
Segundo ele, porém, os novos números coletados pela OMS mostram “como o mundo ainda precisa percorrer uma distância enorme”. “Muita gente ainda morre por doenças que podem ser prevenidas, muita gente ainda é jogada na pobreza por pagar do próprio bolso pela saúde e muita gente ainda não consegue o serviço de saúde que precisam. Isso é inaceitável”, declarou.
Seu objetivo, portanto, é o de colocar em andamento um sistema que permita que a cobertura de saúde seja ampliada para um bilhão de pessoas extras.
Primeiro africano em 70 anos a assumir a OMS, o ex-ministro da Etiópia insiste que chegou a hora de “transformar a visão de mundo para garantir que todos tenham direito à saúde”.
Tedros, que assumiu a entidade há um ano, tem sido alvo de críticas por sua politização de debates de saúde e por ter até mesmo sugerido que o ex-ditador do Zimbabue, Robert Mugabe, assumisse um papel de embaixador da OMS contra certas doenças.
Apoiado pela China e o grupo de países não alinhados, ele tem evitado criticar publicamente governos. Seu gabinete de imprensa, por exemplo, passou meses sem dar informações sobre a situação de saúde na Venezuela, alegando que não contava com informações.
Questionado pelo Estado sobre seu silêncio, Tedros riu, negou qualquer politização e garantiu que o que vale em sua gestão “são princípios”.
Brasil presidirá Conselho Executivo da Organização Mundial de Saúde
O Brasil foi eleito por aclamação para exercer o conselho executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), o país não ocupava essa posição desde 1961.
“O Brasil tem uma atuação de destaque e liderança na OMS, sobretudo na defesa do acesso universal a medicamentos e serviços de saúde”, diz nota divulgada pela pasta. “No exercício da presidência do Conselho Executivo, o Brasil terá a oportunidade de coordenar a discussão multilateral dos principais temas de saúde em sintonia com os objetivos da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.”
A presidência será exercida pela Representante Permanente do Brasil junto à ONU em Genebra, embaixadora Maria Nazareth.
A nota informa que a OMS existe desde 1948, com a missão de “elevar os padrões sanitários e de bem-estar da população mundial”. Com esse objetivo, coordena esforços internacionais para prevenir, controlar e tratar doenças e supervisiona o intercâmbio de informações epidemiológicas entre países-membros, além de realizar pesquisas na área de saúde.
Fonte: ABCON