Abrindo a 10ª edição do Fórum de Saúde Digital, ocorrido semana passada em São Paulo, o painel Monitoramento Remoto de Saúde e Telemedicina discutiu como as organizações de saúde obtém mais sucesso concentrando seu foco no paciente, a fim de ganhar mais clientes e minimizar custos.
Composto por especialistas do setor de saúde como Fernando Paiva (VP de transformação Digital da Carenet), Dr. Koshiro Nishikuni (neurocirurgião do Hospital Santa Cruz) e Dr. Gabriel Variane ( Hospital e Maternidade Santa Joana), o painel mostrou que hoje os sistemas de Telemedicina permitem que as relações à distância, seja entre médicos e pacientes, ou entre médicos e seus colegas, ou entre qualquer profissional de Saúde se viabilizem de forma prática, trazendo melhor resultado para todos os envolvidos.
“Um suporte efetivo ao paciente pode solucionar repetidas internações e uso desnecessário do pronto atendimento entre outros. Ao tratar o indivíduo de forma holística com ajuda da Telemedicina e o monitoramento remoto, opta-se por uma gestão preventiva da saúde dos segurados. Estes são instrumentos preditivos, que ajudam a forma como o gestor vê seu negócio e como coloca o paciente no foco principal do atendimento”, alerta Dr. Gabriel Variane.
A telemedicina convencional, rodeada por imagens médicas para diagnóstico, transferência de arquivos, compartilhamento de telemetria, feitas em geral entre médicos, ou entre centros de pesquisas, está invadindo a realidade da saúde em qualquer localidade, há também uma democratização de acesso para todos os pacientes. Mas para que seja plena, uma série de outras disciplinas, por meio de novos núcleos de assistência médica, devem ser conectados para que ao final possa haver o efetivo acompanhamento remoto dos pacientes. “Estamos diante de uma revolução promovida pelas tecnologias de informação e comunicação, que vieram atender uma demanda antiga de resolver problemas”, salientou Fernando Paiva.
Projetos de Telemedicina exigem um investimento inicial, que inclui hardware com capacidade para vídeos e imagens, internet de alta velocidade, prontuário eletrônico, sistemas de gestão e outros softwares, específicos para cada especialidade, além de treinamento, adequação de processos e mudança de mindset. Entretanto, após a implementação, o modelo de atendimento tende a reduzir os custos, seja na assistência propriamente dita – com redução de filas, agilidade na consulta, entre outros -, seja minimizando a necessidade de exames e cirurgias de alta complexidade, cujo valor mais elevado onera em muito as instituições, mas, como disseram os especialistas, o mais importante é possibilitar o acesso a milhares de pessoas que estão em localidades distantes dos grandes centros, num território de dimensões continentais como o Brasil.
“Como tudo em tecnologia, o tempo e a experimentação irão adequar as realidades entre pacientes e instituições de saúde, no entanto o atendimento focado no paciente aliado a tecnologia está por demonstrar como novos modelos de negócio em saúde poderão surgir ao mesmo tempo com significativa redução de custos”, disse o dr. Nishikuni , do Hospital Santa Cruz.
Telemedicina pública na Amazônia
Um exemplo de Telemedicina ocorre na Amazônia, que merece destaque por ser um polo regional que, do ponto de vista da saúde, educação e mesmo social, só pode ser resgatada por tecnologias de telecomunicação aliadas à informática.
Importante ressaltar que também é uma das áreas mais preocupantes do globo na opinião internacional. Sua área geográfica cobre cerca de 60% do território nacional (um pouco mais de 5.000.000 km²) e é chamada geopoliticamente de Amazônia Legal. Estima-se que na Amazônia Legal vivem cerca de 21 milhões de pessoas. É ainda a região com a mais baixa densidade demográfica brasileira, 3,67 habitantes por km², mas, com certeza, é a que mais rapidamente aumenta.
O Polo de Telemedicina da Amazônia surgiu da necessidade de oferecer conteúdo educacional, aprimoramento técnico-profissional e assistência médica provida por segunda opinião aos médicos que atuam em toda a Amazônia. Há regiões em que o difícil acesso a meios diagnósticos e de serviços de referência é imenso.
O Amazonas é o primeiro estado brasileiro a ter a totalidade dos seus municípios integrada ao programa estadual de Telessaúde. O programa, que utiliza a comunicação via satélite, permite a realização de exames e consultas especializadas à distância. Os procedimentos são feitos por médicos generalistas nos municípios do interior e as informações – dados, som e imagem – são compartilhados em tempo real com equipes de especialistas dos núcleos coordenadores em Manaus e com médicos plantonistas que podem responder às demandas urgentes a qualquer hora, via smartphone.
O programa de Telessaúde é prioridade do Governo do Amazonas, para ampliar o acesso a assistência especializada, principalmente no interior. A coordenação do serviço é da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), por meio do Comitê Estadual de Apoio ao Telessaúde Brasil, o primeiro do tipo criado no país.
O último município inserido na rede de Telessaúde do Amazonas foi Caapiranga, a 134 quilômetros da capital. A cidade, com 10,9 mil habitantes, oferece os atendimentos à distância, a partir de link com o Hospital Universitário Francisca Mendes, responsável pela área de telecardiologia no Estado.
Os 61 municípios amazonenses têm agora uma sala de telessaúde, climatizada, com maca, computador, eletrocardiógrafo digital e conexão com a Internet.
“Isto significa que temos a estrutura necessária para ampliar o serviço de cardiologia e outras especialidades médicas, o que reduz a necessidade de deslocamento de pacientes para Manaus e evita os custos financeiros e sociais deste deslocamento”, disse o secretário estadual de Saúde. O secretário destacou que o sistema também garante acesso mais rápido a especialistas em casos de acidentes e emergências.
Fonte: Saúde Digital e Secretaria de Saúde do Amazonas.