Muitos filmes de ficção científica preveem um futuro distópico e a tecnologia como a nossa principal inimiga. No entanto, cada vez mais fica evidente que se bem usada esta pode salvar muitas vidas e otimizar o trabalho de muitos profissionais – como aconteceu durante a pandemia. Graças à tecnologia, pudemos nos manter conectados à distância, criar uma vacina em tempo recorde e aprimorar muitas inovações a nosso favor em diferentes áreas complementares.
Inteligência Artificial melhora atendimento médico
O robô Laura desenvolvida por uma startup curitibana de mesmo nome, faz uso de algoritmos de inteligência artificial a fim de aprimorar a qualidade de atendimento recebida pelos pacientes e, ao mesmo tempo, a entrega de uma visão 360º às equipes clínicas.
Laura analisa todos os dados de prontuários e exames e indica à equipe de cuidado quais pacientes precisam ser priorizados. Durante a pandemia, a tecnologia reduziu a taxa de mortalidade dos hospitais clientes em 25%. Fundada em 2016, a solução já realizou mais de 12 milhões de atendimentos.
Segundo Cristian Rocha, CEO e fundador da Laura, nos últimos dois anos, todo o sistema de saúde de forma geral percebeu que se não houver uma estratégia de tecnologia centralizada e robusta, simplesmente não serão assertivos.
“A crise da Covid-19 nos permitiu demonstrar o quanto os avanços da tecnologia são importantes para a medicina moderna. Temos ao nosso alcance os recursos da inteligência artificial para analisar uma quantidade volumosa de dados e obter resultados mais assertivos, mais eficientes e trabalhar preventivamente nos cuidados da saúde, melhorando como um todo a qualidade de vida da população” explicou o CEO.
Além de parcerias com empresas privadas de porte, a healthtech também apoiou o Sistema Único de Saúde (SUS) e a prefeitura de Curitiba. Em março de 2021, foi recebido um aporte de R$ 10 milhões, sendo um dos maiores da categoria seed para startups do ramo da saúde. O investimento, liderado pela GAA Investments, um fundo norte-americano, teve como objetivo auxiliar na ampliação do time de colaboradores e do portfólio de produtos, assim como novos investimentos em tecnologia e pesquisas científicas.
A Laura teve um crescimento de mais de 300% durante a pandemia, transformando o modelo de negócios para uma scale-up. A base de clientes cresceu de 14 para 50. Além da expansão de equipe que subiu de 20 para mais de 90 pessoas. Para 2022, a expectativa é de uma ampla expansão nas regiões norte e nordeste, bem como dar início a expansão para a América Latina com a implementação da inteligência artificial em dois hospitais na cidade de Lima, no Peru.
Para que tudo isso aconteça, nos preparamos para a próxima rodada de captação até a metade do segundo semestre de 2022. Vale ressaltar que o mercado de healthtech está bastante aquecido para o venture capital, pois foi um dos setores que mais chamou a atenção de investidores nos últimos meses, tornando-se uma grande promessa para este ano”, enfatizou Christian.
Pequenas farmácias também aderem à tecnologia
Em um universo com mais de 53 mil farmácias de pequeno porte, a Napp Solutions, startup desenvolveu uma ferramenta para que farmácias independentes ganhassem fôlego com a digitalização de seus estoques e a disponibilização de seus produtos no Google.
Desde então, a Napp Solutions realiza o processo de conexão de 35 mil farmácias, o que representa 60% do segmento independente no país. Segundo Luis Fernando de Bueno Vidigal, CEO e cofundador da Napp, o montante representa um faturamento mensal de R$ 2,7 bilhões.
O segmento ainda possui baixa adesão digital, mas com alto potencial de crescimento. Durante a pandemia, a startup investiu o valor de R$ 2,7 milhões e criou uma “motorização” capaz de buscar o estoque físico de qualquer lojista pequeno ou de médio porte e levar para as buscas do Google, apresentando os produtos em uma vitrine virtual, com a vantagem da georreferência da loja.
Alimentação Saudável e Personalizada
Durante a crise da Covid-19, muitos brasileiros pegaram a rota gastronômica dos ultracongelados saudáveis. Para se ter uma ideia, os pedidos de entrega cresceram cerca de 250%, apontam dados da consultoria Food Consulting. De acordo com outro estudo da Liga Insights, o país conta com 332 startups voltadas ao segmento de alimentos, com soluções que agilizam processos de gestão, produção e entregas.
Em 2020, a empresa desenvolveu uma tecnologia inédita na linha de refeições instantâneas, sem conservantes e sem perder os nutrientes. Já em 2021, os ex-clientes que se recuperaram da crise foram voltando, assim novos contratos foram firmados e com isso a empresa conseguiu crescer 99% neste período.
Hoje, a Mandala é reconhecida nacionalmente pela produção e distribuição de alimentos seguros para alérgicos e intolerantes alimentares, com mais de 6 mil clientes, entre eles redes hospitalares como Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Samaritano, Rede D’Or, e até mesmo escolas como Avenues, Chapel, St Paul, entre outras.
Como vimos, a inovação aconteceu dentro de diferentes ambientes durante a pandemia, como nos hospitais, laboratórios, farmácias e até mesmo cozinhas, como foi o caso da Mandala. Todos que apostaram no digital e na tecnologia se sobressaíram.
Fonte: Gazeta do Povo /Beatriz Bevilaqua