Projeção. Talvez uma das palavras mais utilizadas no mundo corporativo no último biênio, quando a Covid-19 praticamente esmagou as rotas estruturadas por empresas em todo o mundo, independentemente do porte ou segmento. De qualquer forma, deste cenário complexo e ainda com diversas arestas para aparar, foram tiradas lições valiosas, além da revelação de caminhos sobre uma nova curva de transformação digital que as companhias enfrentarão nos próximos anos.
Bem, antes de fazer esse exercício do que está por vir em médio e/ou longo prazo, não tenho dúvidas do que o movimento dos anos subsequentes ao que estamos vivendo já estão muito bem delineados. A pandemia apontou que a prioridade em tecnologia é inquestionável para a maioria das corporações. Um estudo recente do IBM Institute for Business Value (IBV) ressalta que CEOs de todo mundo enxergam computação em nuvem (reconhecida por 93% dos entrevistados), IoT (79%), IA (49%) e automação (44%) como tecnologias que proporcionarão benefícios para as companhias nos próximos dois a três anos. Além disso, 45% dos executivos ouvidos dedicaram uma atenção especial à cibersegurança no último ano.
Inegável. Este movimento das empresas e indústrias na busca de tecnologias disruptivas é algo extremamente concreto, como foi apontado na pesquisa. Algo que estamos vivendo intensamente neste exato momento. Talvez a ‘pergunta de um milhão de dólares’ seja: o que vem a seguir? Quais os movimentos deste jogo de xadrez no instante em que as empresas estão definindo seus próximos passos com base na estrutura tecnológica que já possuem? Gostaria de trazer três pilares que considero essenciais nesta nova curva de transformação digital, em que, aliás, empresas precursoras já começaram a trabalhar. Vamos a eles.
Buscar a inovação, sem medo de errar
Os hubs de inovação de diversos segmentos explodiram no Brasil nos últimos anos e muitos deles foram criados dentro das próprias empresas, que enxergaram uma oportunidade de inovar sem investimentos exponenciais, mas assumindo maior risco. Essa conexão com o ecossistema de inovação, num espaço físico ou virtual de colaboração direta com startups, por exemplo, fomenta a experimentação de ideias e traz sem dúvida uma dinâmica muito maior para enfrentar as transformações do mercado. É claro que essa experimentação tem seus desafios, mas as soluções encontradas podem ser transformadoras.
Paralelo a esse cenário, algumas empresas também apostam numa estrutura independente de dados, composta por equipes dedicadas à análise constante dessas informações e em sinergia junto a outras áreas da empresa, principalmente a de negócios.
Pessoas, capacitação e multidisciplinaridade
A mesma pesquisa do IBV com mais de três mil CEOs de 50 países, incluindo o Brasil, relatou que 42% dos executivos consideram necessária uma transformação das habilidades dos funcionários durante e no pós-pandemia como uma forma de impulsionar os negócios. Natural, portanto, que o reskilling e o upskilling dos colaboradores sejam bem trabalhados nas empresas que vislumbram sair na frente nesta nova curva da transformação digital. Tudo isso atrelado também às equipes multidisciplinares, que se conectam dentro das corporações em busca de resultados comuns.
Aproveitamento de talentos e aproximação com a academia
O Centro de Inteligência Artificial (C4AI), criado por IBM, Universidade de São Paulo (USP) e FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo se dedicam ao desenvolvimento de estudos e pesquisas de ponta em IA para abordar temas de grande impacto social e econômico, como saúde, meio ambiente, redes de produção de alimentos, futuro do trabalho e o desenvolvimento de tecnologia de Processamento de Linguagem Natural e que, sem dúvida, trará reflexos importantes para essa nova curva de transformação digital.
Por fim, saliento que as novas carreiras digitais trazem uma oportunidade de inclusão e crescimento econômico e que a conexão entre tecnologia e desenvolvimento de skills, além, claro, da sinergia entre as corporações e a pesquisa, são essenciais para promover a inovação.
Fonte: Computerworld / Wagner Guedes